fitinha k7

>> 09 outubro, 2009

Enfim terminei de ler “Love is a Mix Tape”. O quê? Você não sabe o que é “Love is a Mix Tape” ainda?(azar o seu não ter uma irmã inteligente e culta como a minha) Então eu te conto! “Love is a Mix Tape” é um livro de um cara chamado Rob Sheffield, atualmente morador do Brooklyn, colaborador de várias revistas sobre música, como a Rolling Stone, na casa dos 40 anos. Mas além de tudo isso, ele é um viúvo – viuvez que aconteceu quando tinha só vinte e poucos anos. E o livro é exatamente sobre a história dessa relação curta, porém intensa.
Apaixonado por música desde jovem, ele vai contando a história de sua vida desde a infância e cada música/banda que acompanhava aquela época, os hits, os shows, as letras e, é claro, as mix tapes. Essa foi uma das partes que mais me identifiquei porque na adolescência eu era cheia de fitas que ia gravando com músicas que gostava (naquela época eu só tinha Internet discada) e que tocavam na rádio. A fita ficava lá pronta e, quando a música começava, eu apertava o rec. Na maioria das vezes ela ficava pela metade ou aparecia o locutor falando no final ou coisas do tipo. Quando tô mto inspirada, eu pego as fitinhas, começo a ouvir e dou muita, muita risada.
Bom, aí o livro começa com ele contando de acampamento na pré-adolescência, passa pros amores frustrados na adolescência, a noite que ele conhece a Renée, o namoro e o posterior casamento deles e a morte dela. Triste, MUITO triste. E aí ele descreve um pouco da vida depois desse acontecimento: como contar para as pessoas que não foram avisadas na época? O que dizer quando alguém que você acaba de conhecer pergunta se você é solteiro ou casado? Como escutar uma música nova e se apaixonar por ela sabendo que o outro nunca terá a oportunidade de ouvi-la?
E tudo isso me fez pensar em um monte de coisas que eu já tinha pensado milhões de vezes, mas sobre as quais eu acho que nunca conversei com ninguém (puxa a cadeira pq a coisa vai ser longa, rs).

Quando você lê o livro, é inevitável ficar com dó do cara: pô, 28 anos e viúvo? Vai ser zicado assim lá na pqp...
... mas, por outro lado, eu pensei que ele também teve um bocado de sorte. Ele viveu durante alguns anos com a pessoa que amava, foi a alguns shows, tiveram suas músicas, suas mix tapes, seu momentos, suas brigas, suas alegrias. Ele conheceu a “verdadeira” Renée e pode contar às pessoas que não a conheceram como ela era e do que gostava – ainda por cima de um ponto de vista de um homem que foi apaixonado por ela!
E aí está o x da questão. Quem lê o blog por aqui sabe que meu pai morreu. E isso já tempo, bastante tempo: quase 16 anos! Ou seja, eu tinha só oito anos quando isso aconteceu. Que a coisa é triste, sem dúvida, sempre vai ser. Ninguém está preparado para perder pessoas tão próximas, acho que mesmo quando elas estão doentes. Se não estão fica ainda mais difícil.
Mas o fato é que desde então é muito difícil falar do meu pai. A garganta trava, a produção de lágrimas atinge níveis altíssimos, o coração dispara e eu simplesmente não consigo. E hoje acho que eu percebo que de certa maneira eu sempre sofri com isso porque eu não sabia muito bem o que dizer dele, afinal, eu não o conhecia de verdade. Pô, com oitos anos não dá pra ter conversas filosóficas com ninguém, né? Claro que me lembro dele e do jeito dele, de coisas que ele fazia e gostava, mas sei também que muitas dessas imagens são fruto de histórias que outras pessoas me contaram. Descobri muito tempo depois que meu pai gostava muito de Madonna e que adorou Cem Anos de Solidão (aliás, meu livro preferido!).
Pra mim é muito difícil ‘apresentar’ alguém que não conheço muito bem. Perco horas pensando como as coisas seriam se ele estivesse aqui: será que a gente se daria bem? Será que ele ia gostar do meu namorado ou sentir ciúme (pelo menos os dois poderiam assistir futebol juntos sem brigar, rs!)? Será que ele ia achar bacana eu ter escolhido ser jornalista ou insistir pra eu fazer algo na área de exatas? Será que ele ia me incentivar a viajar ou até toparia ir comigo? Será que a gente passaria alguns finais de juntos tomando cerveja e falando de cinema ou que só nos encontraríamos às vezes? Será que ele teria ido ao show da Madonna comigo? Será que??? São tantas variáveis, mas uma única certeza: isso não vai acontecer.
Como diz o Rob no livro: “I got more of her than anybody. But still, I wanted more of her….”

Bom feriado por aí! Bjs

(Engraçado como fico semanas sem pensar em absolutamente nada pra pensar e tem posts que surgem inteirinhos do nada. Esse foi um deles, martelando minha cabeça há dias!)

4 comentários:

Anônimo,  9 de outubro de 2009 às 18:39  

Achei lindo esse post Lari.
Mais um livro para minha listinha de "quero ler"

Bjao
Cori

lud_ginap@hotmail.com 9 de outubro de 2009 às 22:28  

Sis...como assim, to ensaiando pra fazer um post sobre esse livro e vc vai lá e faz primeiro??

Sim, sim...são muitos "e se..." ainda mais quando a memória não ajuda, mas acho que a gente daria pelo menos um pouquinho de orgulho pra ele.

Unknown 13 de outubro de 2009 às 18:48  

parabens pelo post, Lari. Adorei!! e que bom que vc falou do seu pai...bom saber um pouco mais sobre ele.. Bjinhosssssssss

Daniwell,  15 de outubro de 2009 às 07:10  

eu tbem tinha varias dessas fitas...
joguei tudo fora...
Esse livro parece ser interessante, apesar de não estar no clima pra ler algo desse nivel...
Com relação ao seu pai, eu ja te perguntei algumas dessas coisas...
e tenho certeza absoluta que ele sente muito orgulho de vc e da sua irmã, por tudo que vcs são hoje...
beijo
te amo

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