Prazer, Larissa (parte 2)

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Depois desse primeiro almoço, muitos outros se seguiram. Mas depois do primeiro, os outros já não têm o mesmo impacto e você foi pouco a pouco se integrando ao nosso grupo de jornalistas. Eu não sei se era porque te agradava minha companhia ou se era mesmo pra fugir do seu colega D., o qual apelidamos carinhosamente de Forrest Gump por suas histórias.
O que me marcou realmente nesse início de amizade foi aquela sexta-feira, véspera de Carnaval, que a gente voltou pra casa em um ônibus lotado e um calor insuportável. Foi ali que você me contou que ia viajar para praia – São Sebastião – e que seus avós moravam lá, e que você não curtia muito e preferia ficar vendo filmes o feriado todo. E eu morrendo de inveja porque ia ficar em São Paulo e, provavelmente (o que realmente aconteceu) não iria pra nenhuma baladinha porque meu (então) namorado não ia topar. E me peguei pensando em você durante o carnaval: o que você estaria fazendo na praia? Será que você disse que ficava em casa vendo filme só pra eu pensar que você não era um cafajeste que ficava correndo atrás da mulherada? Será, será, será....
O feriado passou, voltamos ao trabalho, à nossa rotina de almoços com papos sobre Lost, filmes e afins. E a cada dia aumentava minha ansiedade pra chegada da hora do almoço. Seu expediente terminava meia-hora antes do meu e eu ficava torcendo pra você ficar um pouquinho mais e me perguntar: “já ta indo?”.
E eu fui percebendo que o seu olhar já não era mais o mesmo, que você parecia meio triste com alguns dos meus comentários sobre meu namoro, que você sentia ciúme de mim, que minha presença te agrava mais do que o bom-senso recomendaria para colegas de trabalho e para uma pessoa comprometida. E a pessoa comprometida, nesse caso, era eu!
E foi pelo fato de estar com outra pessoa que eu me neguei a ver o que estava ali na minha frente: